Na última segunda-feira (24), a Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência promoveu um treinamento voltado para 98 diretores de jogos da Federação Paulista de Futebol, com foco na recepção e inclusão de pessoas com deficiência em estádios e ginásios.
Os diretores de jogos são responsáveis pela gestão operacional das partidas, desde a coordenação das equipes até a organização das torcidas. A expectativa da secretaria é que os conhecimentos adquiridos durante o treinamento sejam aplicados já na Copa São Paulo de Futebol Júnior 2026, conhecida como Copinha, que terá início em janeiro.
Segundo o secretário de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marcos da Costa, o objetivo é oferecer um atendimento respeitoso e inclusivo, que leve em consideração as individualidades e promova a autonomia das pessoas com deficiência. “A ideia é alcançar um nível de qualidade de acolhimento que mantenha a grandeza do futebol paulista e inspire outros times do país”, afirmou.
Durante o treinamento, os coordenadores da secretaria apresentaram aos diretores os diferentes tipos de deficiência e condições de saúde equiparáveis, como o autismo, detalhando características de cada grupo e orientando sobre formas de integração e atendimento, especialmente em situações comuns a partidas de futebol. Foram abordadas práticas simples, como considerar a cadeira de rodas como extensão do corpo da pessoa, evitando tocá-la sem permissão, a fim de garantir o bem-estar do público.
Caroline Reis, coordenadora do programa Todas in-Rede na Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que tem deficiência visual, participou como palestrante e destacou a importância do treinamento. “Eu já tive receios de estar nesses espaços. Hoje, vendo esse cuidado, sinto maior segurança, sabendo que vou ser acolhida da melhor maneira possível e ter uma recepção de qualidade”, disse.
Os especialistas também explicaram as diferentes barreiras que podem excluir pessoas com deficiência da sociedade — físicas, pedagógicas, comunicacionais, tecnológicas e atitudinais — e apresentaram métodos para combater o capacitismo, que consiste na discriminação contra pessoas com deficiência.
Para os coordenadores da secretaria e os diretores de jogos, mudanças de comportamento podem tornar os jogos de futebol mais acessíveis, mesmo em estádios mais antigos. Marcelo Carvalho, diretor de esporte do município de Bálsamo, ressaltou que, embora não seja possível reformar imediatamente estruturas com mais de 50 anos, é viável adaptar práticas de atendimento. “Podemos nos moldar para entender as necessidades e garantir que todos tenham uma experiência positiva no futebol”, afirmou.