Escolas estaduais paulistas de grande porte, ou seja, que tenham mais de 1.200 alunos, poderão, se quiser, aderir ao novo programa proposto pela secretaria estadual de educação (Seduc).
A desagregação apregoa que unidades escolares tenham gestões independentes, com mais de um diretor e de um coordenador por edifício. As escolas não serão obrigadas a participar porque a adesão é voluntária.
O sindicato dos professores estaduais (Apeoesp) é contra, apontando outras medidas para a melhora no ensino paulista (leia abaixo).
Em Campinas, especificamente, cinco instituições já foram informadas da “Estratégia para Grandes Escolas”: Escola Estadual Professora Celeste Palandi de Mello, Escola Estadual Doutor Paul Eugene Charbonneau, Escola Estadual Jardim Marisa, Escola Estadual Francisco de Assis e Escola Estadual Professora Benedita de S. P. Wutke.
De acordo com o Palácio dos Bandeirantes, a desagregação visa facilitar a gestão pedagógica nos prédios cuja gerência escolar se torna complexa devido à quantidade de alunos e professores.
Ainda segundo a secretaria estadual, nenhum aluno ou professor será transferido de edifício, nem tampouco haverá fechamento de nenhum espaço físico.
O projeto apregoa que cada unidade seja responsável por uma única etapa de ensino, como Infantil ou Médio, por exemplo, e que, dentro de um mesmo prédio possa haver mais de uma unidade escolar.
Dessa forma, duas unidades poderão funcionar no mesmo prédio, mas, cada qual, com seus gestores específicos. Ainda segundo o governo estadual, a medida facilitará a gestão pedagógica, uma vez que haverá unidades menores dentro dos mesmos prédios.

Críticas
A Seduc as avisou na semana passada, mas diretores, coordenadores e professores estão preocupados devido ao pouco tempo para análise, já que a previsão é que a reforma comece a valer no primeiro semestre do ano que vem.
Outro aspecto que gera repreensão é que a reforma não leva em conta a redução de alunos por sala, mas apenas a gestão escolar por período, não atacando, portanto, uma das questões cruciais para a melhora do ensino paulista. Preocupam-se também que a separação administrativa retire a garantia da sede dos profissionais, que teriam que passar por um novo processo de atribuição de aulas.
A Apeoesp emitiu uma nota pública sobre o assunto, intitulada de “Não vamos aceitar uma nova reorganização escolar”, referindo-se à proposta do ex-governador Geraldo Alckmin (então PSDB-SP) em 2015. Para a entidade, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) retoma a ideia com outro nome, mas sem consultar a comunidade escolar.
“Não enxergamos como essa medida pode auxiliar na melhoria da gestão. Pelo contrário, vai precarizar ainda mais as condições de trabalho e o ambiente das escolas”, declara o professor Hamed Mauch Bittar, diretor regional do sindicato em Campinas.
Há dez anos, Alckmin propôs agrupar escolas que atendessem etapas de ensino semelhantes. Mas, diferentemente da proposta atual, sugeriu o fechamento de mais de 90 prédios e a transformação de 754 para que atendessem apenas uma etapa escolar.
Em novembro de 2015, 226 escolas foram ocupadas por estudantes com apoio da Apeoesp, culminando no cancelamento do projeto em dezembro daquele ano e com a exoneração do então secretário da educação, Herman Voorwald.
Sugestões
Para a Apeoesp, entre as medidas efetivas que podem melhorar a aprendizagem dos estudantes e a gestão escolar, encontram-se: “redução do número de estudantes em sala de aula, fortalecimento da participação da comunidade por meio dos conselhos de escola, melhoria das condições de infraestrutura (laboratórios, bibliotecas, quadras cobertas, auditórios/ teatros), além do cumprimento das diretrizes curriculares nacionais e fim da plataformização”.
Ainda segundo o sindicato, “o governo Tarcísio corta R$ 11 bilhões da Educação e tenta impor militarização, privatização e outros projetos autoritários”.
Turnos
A vereadora Paolla Miguel (PT-SP), de Campinas, destaca preocupação com a possível mudança do período noturno, que passaria a ser exclusivamente dirigido para a Educação de Jovens e Adultos (EJA). “A gente entende que a criança, o adolescente, tem que se dedicar à educação, mas, infelizmente, as vulnerabilidades sociais não permitem que se dediquem única e exclusivamente a isso porque precisam trabalhar”.
Incomoda-se também com o fato dos discentes não terem emitido opinião. “Os alunos não foram consultados. Não foram ouvidos”.