A Polícia Federal afirmou que o prefeito afastado de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), tentou transformar as próprias investigações em fonte de ganho financeiro nas redes sociais.
Segundo o relatório, o “prefeito tiktoker” passou a publicar uma série de vídeos após ser alvo de operação em abril, explorando o caso com objetivo de monetização. Os investigadores dizem que ele e a primeira-dama, Sirlange Maganhato, atuaram de forma coordenada para tirar proveito “econômico e midiático” da crise.
Deboche em vídeos
Para a PF, Manga encenou um “espetáculo bizarro de deboche e desdém” contra a apuração.
Um dos exemplos citados ocorreu em 10 de abril, logo depois da saída dos agentes que cumpriam mandados na casa do prefeito. No vídeo publicado, ele ironiza a ação: “Mandaram a Polícia Federal aqui em casa (…) e acharam algumas coisas: bolo de cenoura, Nutella e o Pokémon que meu filho tanto ama”.
O tom jocoso, segundo a PF, buscava desacreditar a operação e, ao mesmo tempo, ampliar o alcance dos conteúdos.
Conversas
A análise do celular de Manga revelou que a monetização era tema recorrente entre ele e a primeira-dama. As mensagens mostram Sirlange orientando o prefeito sobre como adaptar os conteúdos para receber mais pelas plataformas digitais. Em uma das conversas, ela diz que os vídeos no TikTok precisariam ter mais de um minuto, porque somente assim seriam remunerados.
Nos materiais publicados, Manga repete que seria alvo de perseguição política. A PF, porém, diz que os vídeos tinham “propósito claro de gerar engajamento e retorno financeiro”, e que o prefeito “zomba, audaciosa e desavergonhadamente, dos órgãos responsáveis pela persecução penal”.
Reação da PF
A corporação rebateu a narrativa de perseguição, classificando-a como “leviandade” e um ataque direto à honra dos agentes envolvidos.
Para os investigadores, as críticas criam uma falsa versão dos fatos, construída para desviar o foco das suspeitas.
Por esse motivo, a PF pediu ao Judiciário que retire o sigilo do caso, alegando que a publicidade é a única forma de restabelecer a verdade. “A maneira de reparar a honra dos servidores atacados é o levantamento total do sigilo, permitindo que a sociedade fiscalize integralmente os autos e verifique o respeito às normas, afastando qualquer ideia de perseguição política”, diz trecho do relatório.
Afastamento
Manga está afastado desde 6 de novembro por decisão judicial. De acordo com a operção Copia e Cola, da PF, ele é suspeito de chefiar um esquema de desvio de recursos da saúde no município.
Segundo informações, no dia do afastamento, os advogados da defesa chamaram o inquérito de “nulo” e acusaram a PF de perseguição política.