O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou, na última quarta-feira (19), a prisão preventiva do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Em setembro, a Primeira Turma da Corte decidiu condenar Ramagem a mais de 16 anos de prisão por envolvimento na trama golpista. A saída do pais teria acontecido no mesmo mês.
A ordem de prisão atinge apenas Ramagem entre os réus do núcleo 1 da trama golpista, do qual também faz parte o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses de prisão.
A PF identificou indícios de tentativa de fuga de Ramagem: ele teria viajado de avião para Boa Vista (RR) e de lá seguido de carro até a Venezuela. Depois, teria pego um voo para os Estados Unidos.
O deputado estaria em Miami, nos Estados Unidos, segundo informação do portal PlatôBR, que divulgou vídeo em que ele aparece em uma academia em um condomínio de luxo da cidade litorânea.
Após a divulgação do vídeo, o PSOL pediu ao ministro Alexandre de Moraes, na quinta-feira (20), a prisão preventiva do deputado, mas o magistrado já havia adotado essa medida, com base nos indícios de fuga levantados pela PF.
Os agentes federais apuram se Ramagem deixou o Brasil de forma clandestina para escapar das consequências penais de sua participação na trama golpista.
Entre as medidas cautelares impostas pelo STF estão a proibição de se ausentar do país e a determinação de entregar todos os passaportes (nacionais e estrangeiros), em razão das investigações.
A PF deve solicitar a inclusão do nome do deputado na Difusão Vermelha da Interpol, o que pode classificá-lo como foragido internacional em 196 países.
Atestado médico
Ramagem apresentou atestados médicos para deixar de comparecer à Câmara dos Deputados, e não participar presencialmente das sessões plenárias.
Um formulário interno da Câmara dos Deputados mostra que o gabinete de Ramagem recebeu autorização para trocar chips de várias linhas institucionais e ativar roaming internacional com pacote de dados para uso nas Américas. Com isso, o parlamentar votou, na terça-feira (18), a favor do Projeto de Lei Antifacção, que foi aprovado pelo plenário da Câmara.