A taxa de participação de 70% no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) mantém a tendência observada nos últimos anos, e a estabilidade no número de candidatos indica que o exame continua sendo a principal porta de entrada para o ensino superior no Brasil. “Mesmo diante de dificuldades externas, como chuvas, problemas de energia e desafios logísticos, a adesão não diminuiu”, aponta o coordenador do ensino médio, Luís Felipe Tuon, o “Felão”, do Colégio Oficina do Estudante de Campinas (SP).
Além disso, “o Enem 2025 teve baixíssima ocorrência de fraudes, praticamente zero, segundo as forças de segurança, além de contar com o apoio de mais de meio milhão de profissionais. A logística funcionou bem, com poucas intercorrências”, acrescenta Tuon.
Entretanto, “a abstenção de 30% representa quase um milhão e meio de candidatos ausentes e reflete a crescente desmotivação entre estudantes do ensino médio. Pesquisas recentes sobre engajamento escolar mostram que alunos do 8º e 9º ano já apresentam queda no interesse pelos estudos, o que ajuda a explicar esse declínio ao longo do tempo. A falta de interesse em fazer vestibular, prestar o exame nacional ou seguir estudando conteúdos das áreas do conhecimento é um problema que merece atenção”, alerta.
Mudanças
O governo irá utilizar o Enem para fins de avaliação do ensino médio a partir de 2026 devido à desmotivação dos estudantes em se dedicar à prova do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).
“Nós vamos trabalhar em 2026 para produzir uma avaliação da educação da conclusão da educação básica por meio do Enem, que certamente colocará em um outro patamar a aferição da qualidade da nossa educação básica. Teremos estudantes muito mais motivados para a participação nessa avaliação e uma prova que cobre todos os as habilidades e conhecimentos , afirma Manuel Palacios, presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
O MEC (Ministério da Educação e Cultura) estuda aplicar o Enem de 2026 em modelo digital em três capitais do Mercosul: Assunção (Paraguai), Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai). O estudo está sendo feito pelo Inep, e a previsão é de que seja concluído até o fim de março de 2026 para poder ser anunciado no edital do ano que vem.
“Nós vamos apresentar antes do anúncio das inscrições. Será uma coisa inédita, que vinha sendo cobrado também por nós, do ministério”, declara o ministro da Educação, Camilo Santana.
Para quê?
As notas finais do exame permitem que o candidato as use para entrar em universidades públicas e em particulares sem a necessidade de prestar vestibular; permitem o acesso a bolsas de estudo em faculdades privadas; acesso a crédito estudantil para custear o Ensino Superior, entre outros aspectos.