O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), firmou um acordo de cooperação com o Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) para integrar o estudo de viabilidade do Future Circular Collider. O objetivo da pesquisa é desenvolver o mais potente acelerador de partículas do planeta, ainda mais avançado que o LHC, hoje instalado na fronteira entre a Suíça e a França.
Coordenado pelo CERN e desenvolvido com a participação de instituições científicas de vários países, o estudo avalia aspectos técnicos, ambientais e financeiros para a construção de um novo colisor circular de 80 a 100 quilômetros de circunferência, com capacidade de alcançar energias de colisão dez vezes maiores que as do LHC. O Large Hadron Collider (Grande Colisor de Hádrons, em inglês) é um dos maiores investimentos científicos do mundo, funciona em um túnel abaixo do solo e é crucial para avanços de pesquisas na área de física e para investigar a composição do Universo.
Pesquisadores do CNPEM, que abriga o Sirius – um dos poucos aceleradores de luz síncrotron de 4ª geração em atividade no mundo -, vão contribuir com conhecimento em aceleradores, instrumentação científica e desenvolvimento de tecnologias avançadas. O Brasil se tornou referência na área com o desenvolvimento do Sirius, em Campinas.
“As competências desenvolvidas pelo CNPEM na construção do Sirius, um projeto que contou com significativa participação da indústria brasileira, consolidam a base de conhecimento nacional e abrem oportunidades para a participação efetiva em grandes empreendimentos científicos e tecnológicos globais. Ao mesmo tempo, essas competências sustentam e ampliam capacidades para o avanço do país em áreas como energia, saúde e outras tecnologias de fronteira”, diz James Citadini, Diretor-Adjunto de Tecnologia.
Com a parceria, o CNPEM se torna o único centro de pesquisa da América Latina, com experiência em engenharia de aceleradores oficialmente envolvido no projeto, fortalecendo a presença brasileira em iniciativas internacionais de fronteira na física e na engenharia científica. “A participação do CNPEM no consórcio global demonstra a maturidade da ciência brasileira e a capacidade de colaborar em projetos científicos de grande escala”, disse o diretor do CNPEM, José Roque.
O estudo de viabilidade também considera a sustentabilidade da infraestrutura e seus impactos socioeconômicos na França e na Suíça, países que abrigam o CERN. O projeto deverá servir de base para futuras decisões sobre a construção do colisor, apontado como o próximo grande passo da física de partículas mundial.
O Future Circular Collider está sendo concebido em duas etapas: uma voltada para colisões de elétrons e pósitrons, que permitirá estudos de alta precisão sobre o bóson de Higgs e outras partículas fundamentais; e uma segunda, de colisões entre hádrons, capaz de atingir energias na casa dos 100 trilhões de elétron-volts.
Sobre o CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) abriga um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País. O CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação. As atividades de pesquisa e desenvolvimento do CNPEM são realizadas por seus Laboratórios Nacionais de: Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), além de sua unidade de Tecnologia (DAT) e da Ilum Escola de Ciência, curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC).