A Câmara Municipal de Campinas rejeitou nesta quarta-feira (29) o pedido de abertura de uma Comissão Processante (CP) contra a vereadora Mariana Conti (PSOL). Por 21 votos a 8 e duas abstenções os vereadores decidiram arquivar o pedido de instauração de Comissão Processante que foi subscrito pelo vereador Nelson Hossri (PSD) e que pedia a apuração de uma suposta infração político-administrativa atribuída à vereadora. A Flotilha Global Sumud internacional buscou denunciar e desafiar o bloqueio imposto por Israel ao território palestino.
O texto da denúncia procurava criminalizar o gesto de solidariedade da parlamentar, que integrou a Flotilha Global Sumud, expedição humanitária internacional composta por embarcações que transportavam alimentos e medicamentos à Faixa de Gaza, que vive uma crise humanitária catastrófica, com mais de 68 mil mortos.
O plenário ficou lotado de apoiadores da vereadora e entoavam palavras de ordem como “Mariana fica!”, “do rio ao mar, Palestina livre já!” e “viva a luta do povo palestino, estado de Israel, estado assassino”.
Em seu discurso, Mariana agradeceu a todos os apoiadores, à sua família e aos vereadores pela solidariedade e falou de sua participação na Flotilha Global Sumud, que, segundo ela, foi a maior ação humanitária internacional já realizada em solidariedade à população palestina e ao povo de Gaza.
“É importante dizer que a Flotilha Global Sumud é uma ação não violenta. A ajuda humanitária, os alimentos, os remédios, tudo o que nós levamos está muito bem documentado, está registrado com vídeos, nós fizemos todos os registros porque nós sabíamos que a extrema direita ia fazer uma série de fake news como foi feito, como nós sabemos que foi feito”.
Mariana disse que quer dialogar com todas as pessoas que perguntam porque uma vereadores de Campinas está nesta missão humanitária. “Primeiro por um sentido de humanidade. O que acontece na Palestina deveria envergonhar a humanidade. Quando eu era criança e estudava na escola o genocídio do Holocausto eu sempre pensava ‘como que o mundo permitiu isso, e não fez nada’. O genocídio da Palestina é a mesma coisa. A humanidade deveria se envergonhar. Eu tenho muito orgulho de ter sido parte dos ativistas e que fizemos algo para parar esse genocídio”, disse a vereadora.
Antes da sessão e da votação começar, o vereador Nelson Hossri disse que subiu à tribuna não por gostar da polêmica mas por dever de consciência e respeito à casa. “O que está em pauta não é perseguição política, não é diferença ideológica, não por gostar de polêmica, é a responsabilidade institucional de investigar fatos graves que atentam contra o mandato parlamentar”, disse o vereador.