A Câmara Municipal de Campinas (SP) aprovou a doação de um terreno da prefeitura ao governo estadual para que o Palácio dos Bandeirantes construa o Hospital Metropolitano, que atenderá 42 cidades da região campinense.
O principal objetivo é que a nova unidade absorva parte da demanda regional que afoga o Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, que opera sobrecarregado e apresenta episódios de superlotação (leia mais abaixo).
A medida foi aprovada na 72ª Reunião Ordinária da Câmara, mas estipula condições e garantias a fim de proteger o patrimônio campineiro.
A área conta com 34.824,83 m² (cerca de 3,5 hectares) no entorno da Avenida Prefeito Faria Lima e da Rua Pastor Cícero Canuto de Lima, no Parque Itália, nas proximidades do Complexo Hospitalar Dr. Mário Gatti e abriga atualmente o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) Sudoeste, que atende pessoas com dependência química e população em situação de rua.
Por isso, uma das principais condições para que a doação seja efetivada é a continuidade do atendimento de saúde mental, garantindo que o serviço não seja interrompido durante ou depois da obra. Além disso, outra condição é de que o atendimento do Caps passe a funcionar 24 horas diariamente.
Outra garantia diz respeito à cláusula de reversão, que estipula que o terreno retornará automaticamente à prefeitura caso o governo estadual não cumpra prazos, encargos ou desvie a finalidade do uso da área.
O projeto, aprovado pela Câmara, é de autoria do próprio prefeito Dário Saadi (Republicanos), que terá que sancionar a proposta para que ela se torne lei.
Segundo o Executivo, o Hospital Metropolitano terá a missão de absorver parte da demanda dos serviços de saúde que atolam Campinas pelo fato da cidade atender pacientes de toda a região.

Hospital Metropolitano
A estrutura contará com 200 leitos, podendo chegar a 400 em capacidade máxima, e será feita nos moldes do Hospital Rota dos Bandeirantes, em Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo.
Já o atendimento será voltado principalmente para a média e alta complexidades, com foco nas seguintes áreas: oncologia, cardiologia e ortopedia.
O projeto inclui clínica cirúrgica com cerca de oito salas, pronto atendimento com consultórios e leitos de observação, ambulatório com 18 consultórios médicos, 47 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e serviços de imagem e diagnóstico, como raio-X, ressonância magnética e ultrassom.
A estimativa é que a construção fique pronta em até 24 meses após o início das obras (cuja data ainda não foi definida).
Superlotação na Unicamp
Já o Hospital de Clínicas (HC), é um hospital-escola que, teoricamente, por natureza, deveria focar no atendimento a casos de altíssima complexidade, tais como: transplantes e procedimentos neurocirúrgicos raros, além de ensino e pesquisa, obviamente.
Entretanto, a falta crônica de leitos e de serviços de média e alta complexidades nas cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) faz com que o HC acabe tendo que absorver casos que deveriam ser atendidos em hospitais regionais.
Pacientes que necessitam de cirurgias eletivas, por exemplo, lotam a Unidade de Emergência Referenciada (UER), e a superlotação o impede de tratar com mais agilidade o que deveria ser a demanda principal: casos de urgência e emergência gravíssimos.
Além de filas de espera, o congestionamento do sistema gera a suspensão temporária de novos pacientes, e, a construção do Hospital Metropolitano visa quebrar esse ciclo.
Em 28 de maio deste ano, por exemplo, a ocupação bateu 323% porque a UER, que possui capacidade regulamentar para 30 leitos, chegou a atender 97. Por isso, o HC teve que solicitar ao Samu e à Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) a suspensão temporária de novos pacientes.