A prematuridade segue como um dos maiores desafios da saúde materno-infantil no Brasil, impactando famílias, equipes e sistemas públicos. O nascimento antes de 37 semanas é hoje uma das principais causas de mortalidade infantil e tem apresentado crescimento nos últimos anos.
De acordo com levantamentos da ONG Prematuridade.com, com base no DataSUS, o índice nacional subiu de 10,95% em 2017 para 11,57% em 2021. No estado de São Paulo, dados preliminares apontam que, em 2025, mais de 12% dos nascimentos foram prematuros — acima da média mundial estimada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 10%.
Além do impacto emocional para as famílias, a prematuridade pressiona o sistema de saúde. Um estudo da Planisa estima que o SUS destinou cerca de R$ 13,5 bilhões, em 2024, apenas para internações de recém-nascidos prematuros em UTIs neonatais. Cada bebê permanece internado, em média, 14 dias, com custo diário superior a R$ 2,6 mil.
Força da Vida
Diante desse cenário, histórias como a da pequena Helena, atendida no Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, em Americana, mostram o papel decisivo do cuidado especializado. Filha de Rafaela e Daniel, ela nasceu antes do tempo, enfrentou desafios comuns da prematuridade — como ventilação mecânica e ganho gradual de peso — e permaneceu quase quatro meses na UTI Neonatal.
“Foi um momento de muito medo e ansiedade. Começamos a contar cada dia com ela na barriga, porque sabíamos que cada um seria importante”, relembra Rafaela. Daniel descreve um misto de emoções: “Foi assustador ver ela tão pequenininha, mas ao mesmo tempo emocionante”.
A separação após o parto, comum em casos graves, tornou o início ainda mais delicado. “Minha força vinha da fé, do apoio do meu marido e de ver a força dela lutando pela vida”, diz Rafaela. Durante o tratamento, o casal criou laços com a equipe. “Eles sempre serão lembrados como parte da história da Helena”, afirma.
Cuidado Especializado
A prematuridade pode ter várias causas — desde doenças maternas, gestações múltiplas e condições uterinas até fatores não identificáveis. Por isso, o acompanhamento pré-natal é apontado como ferramenta essencial.
“O pré-natal adequado permite identificar precocemente alterações que podem levar ao parto antecipado”, explica Sarah Guimarães, coordenadora do eixo materno-infantil do HM.
Prevenção ativa
Segundo o secretário municipal de Saúde, Danilo Carvalho Oliveira, investir nesse cuidado é fundamental: “Histórias como a da Helena nos lembram da importância de equipes preparadas, estruturas adequadas e políticas públicas que garantam um início de vida mais seguro”.
O diretor geral do Hospital Municipal, Ruy Santos, reforça o impacto do trabalho integrado: “Cada bebê prematuro que recebe alta é uma vitória compartilhada entre família e equipe”.