O avanço do tratamento Car-T Cell no Brasil – terapia que modifica células de defesa do paciente para enfrentar leucemias e linfomas – tem encontrado em Ribeirão Preto seu principal polo de desenvolvimento. A projeção da equipe responsável é encaminhar o pedido de registro à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no segundo semestre de 2026.
Entre os cinco centros habilitados, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HC-RP) se destaca como o que mais avançou na aplicação da terapia e na inclusão de voluntários. Segundo o pesquisador e médico do HC-RP, Diego Clé, o Hospital já tratou o maior número de pacientes e lidera o cronograma nacional. “Como é o centro habilitado a realizar mais casos, completamos cerca de um quarto dos tratamentos previstos”, afirmou.
Além do HC-RP, participam do estudo o Hospital das Clínicas, a Beneficência Portuguesa e o Sírio-Libanês, na capital, e o Hospital de Clínicas de Campinas. A expectativa é que o ritmo de recrutamento aumente nos próximos meses. A Anvisa havia exigido que cada centro tratasse inicialmente apenas um paciente antes de ampliar o número de inclusões, etapa já superada por Ribeirão Preto.
Cronograma
O pedido de registro, antes previsto para 2025, foi adiado em razão do início mais lento no recrutamento – especialmente fora de Ribeirão, onde a seleção de casos mais graves levou mais tempo. Clé avalia, porém, que a pesquisa agora segue em velocidade adequada e destaca a importância de completar a inclusão de todos os voluntários para que a solicitação seja formalizada em 2026. O registro é necessário para que o tratamento possa ser analisado para incorporação ao SUS.
Resultados iniciais
Os dados de eficácia ainda estão sob avaliação, mas os primeiros resultados observados em Ribeirão Preto e nos demais centros indicam segurança e estabilidade: nenhum evento grave foi registrado até o momento, e a taxa de cura vista nos primeiros pacientes – em torno de 50% – permanece semelhante.
O Car-T Cell funciona a partir da coleta de linfócitos do paciente, reprogramados geneticamente no laboratório para reconhecer e destruir células tumorais, especialmente da leucemia linfoide aguda B e do linfoma não Hodgkin B. Após expansão, essas células são reinfundidas no organismo, atuando como um “exército treinado”.