Foi estruturada a primeira edição do Congresso de Estudos das Relações Étnico-Raciais da Unesp. O evento será realizado no câmpus de Presidente Prudente de 4 a 6 de dezembro, sob a temática “Entre Sankofa e Tekoha: tecer o futuro com fios ancestrais”, que de forma potente mistura representações relacionadas às ancestralidades africana e indígena.
Aquilombamento
A iniciativa tem base no conceito de aquilombamento: um ato de resistência, acolhimento, memória, afeto e afirmação da identidade negra.
Este conceito representa redes de apoio e luta contra opressões, reunindo não apenas pessoas pretas e pardas, mas também estendendo essa perspectiva de acolhimento a indígenas e outras populações socialmente oprimidas e marginalizadas que também podem “aquilombar-se”.
O aquilombamento é o ponto central de muitas discussões que gravitam na órbita deste 20 de Novembro, aniversário da morte de Zumbi dos Palmares e Dia da Consciência Negra no Brasil.
Marco
Além de envolver representações em torno de valores de ancestralidade e enfrentamento a preconceitos, o Congresso de Estudos das Relações Étnico-Raciais será um marco para duas efemérides ligadas ao ano de 2025: a criação da Pró-Reitoria de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (Proade) da Universidade e a celebração dos 25 anos da criação do Núcleo Negro da Unesp para Pesquisa e Extensão (Nupe).
Representatividade
Os dados do Escritório de Gestão de Dados da Unesp mostram que a luta por representatividade no corpo docente ainda enfrenta grandes desafios. O último mapeamento institucional registrou que apenas cerca de 5% dos aproximadamente 3.000 docentes da Unesp se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas, sendo apenas dois professores desse universo a se declararem indígenas.
No momento, a Unesp não possui um sistema de cotas nos concursos para professores.
Para a professora Sueyla Ferreira da Silva dos Santos, docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Unesp em Presidente Prudente e presidente do congresso, a solução vai além da simples diversidade: “A diversidade é uma questão representativa, mas a equidade é dar as mesmas condições e a inclusão é esta pessoa estar presente nas mesas, ter voz e vez nas tomadas de decisão. São esses avanços que temos que tentar impulsionar.