O Banco Central do Brasil (BC) decretou nesta terça-feira (18) a liquidação extrajudicial do Banco Master, medida que põe fim imediato à possibilidade de venda da instituição.
A decretação da liquidação ocorre menos de 24 horas após o grupo Fictor Holding Financeira ter manifestado interesse em adquirir o banco.
Prisão
A Polícia Federal antecipou a prisão de Daniel Vorcaro após identificar sinais de que ele tentava deixar o país, movimento que, segundo investigadores, ocorreu logo depois da divulgação da venda do Banco Master. A captura estava prevista apenas para esta terça-feira, mas foi adiantada diante do risco de fuga.
De acordo com a PF, Vorcaro passou a tarde de segunda-feira em uma agência bancária. Minutos após o comunicado oficial sobre a venda, deixou o local de helicóptero e seguiu até o Aeroporto de Guarulhos. De lá, embarcou diretamente em um jato particular com destino a Malta. Para os investigadores, o deslocamento foi deliberado para se afastar do país após o anúncio — não necessariamente por saber da operação marcada para o dia seguinte.
A prisão faz parte da Operação Compliance Zero, que cumpriu sete mandados de prisão e 25 de busca e apreensão em cinco estados — Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia — além do Distrito Federal. A ação mira um esquema de emissão de títulos de crédito falsos por instituições do Sistema Financeiro Nacional.
As investigações começaram em 2024, a partir de uma solicitação do Ministério Público Federal, que apontava suspeitas de fabricação de carteiras de crédito inexistentes por um banco. Esses títulos teriam sido repassados a outra instituição e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por ativos sem avaliação técnica apropriada. Os investigados podem responder por gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa e outros crimes financeiros.
Sobre a liquidação do banco
Segundo a decisão assinada pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo, a liquidação se baseia na constatação de “deterioração da situação econômico-financeira, comprometimento da liquidez e descumprimento de determinações regulatórias”.
Com isso, ficam afastados os controladores e ex-administradores do banco e seus bens declarados indisponíveis.
A liquidação foi decretada ao mesmo tempo em que a Polícia Federal prendeu o controlador do Banco Master, Daniel Vorcaro, no contexto da Operação Compliance Zero.
A operação investiga suposto esquema de emissão de títulos de crédito falsos por instituições do sistema financeiro nacional.
O que isso significa para a instituição e para os clientes
Com a liquidação extrajudicial, o Banco Master sai do sistema financeiro nacional: as operações são interrompidas, um liquidante assume o controle para levantar ativos e pagar credores conforme a lei.
Para os clientes e investidores, o mecanismo de ressarcimento será acionado por meio do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que cobre até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ por instituição. Valores acima desse teto passam a depender do processo de liquidação e da venda dos ativos da instituição.
Ligação com a tentativa de venda
Até esta segunda-feira (18), o Banco Master estava em negociação para venda: o grupo Fictor havia anunciado aporte bilionário e interesse firme no banco. Com a liquidação decretada, qualquer acordo desse tipo foi suspenso automaticamente. O BC impede que a transação siga enquanto durar o regime especial.
Vale lembrar que o Banco de Brasília (BRB) já havia tentado adquirir o Master, mas teve a operação barrada pelo BC por falta de comprovação de viabilidade econômico-financeira.