Estudos apontam que ampliar a licença-paternidade promove bem-estar infantil, saúde para os pais, equidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho, fortalecimento das famílias e desenvolvimento mais saudável da criança.
O tema voltou à pauta nesta terça-feira, 4 de novembro, com a aprovação, na Câmara dos Deputados, da ampliação da licença paternidade para 20 dias, de forma gradual. O projeto, que segue agora para o Senado, vai beneficiar homens com carteira assinada, autônomos ou MEIs.
“A aprovação dessa medida é um passo importante no reconhecimento que cuidar dos filhos não é responsabilidade exclusiva da mãe. Os atuais cinco dias de licença-paternidade são muito pouco diante do papel essencial que o pai tem nos primeiros dias de vida do bebê”, explica Andréa Maria Campedelli Lopes, coordenadora da Área da Criança e do Adolescente da Saúde de Campinas.
Ainda segundo ela, a participação do pai vai muito além de ‘ajudar’ nos cuidados básicos. “Ela envolve estar junto, emocionalmente presente e disposto a compartilhar de verdade a rotina e os desafios da nova fase. Nos primeiros dias, o corpo e as emoções da mãe estão se ajustando e o suporte do pai é fundamental. Não só para o bebê, mas para o bem-estar de toda a família”, disse.
Campinas
Em Campinas, a licença-paternidade de 20 dias existe desde 2021 para os servidores. Ela é assegurada, na mesma proporção, ao pai biológico, aos que adotam ou para os que obtêm a guarda judicial para fins de adoção de uma criança.
Durante este período, 203 servidores tiveram direito ao benefício, que só é concedido depois de passarem pelo curso de Parentalidade Responsável, desenvolvido pela Secretaria de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas e Saúde, dentro das prerrogativas do PIC (Plano Primeira Infância Campinas).
“Campinas foi pioneira nesta ação. A participação do pai é essencial nos primeiros dias de vida do filho e esse contato faz toda a diferença no desenvolvimento saudável da criança”, disse Eliane Jocelaine Pereira, secretária de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas.
Dias de muito aprendizado
Carlos Wu é um dos servidores que aprova a iniciativa. “Quando meu filho nasceu, pude tirar 20 dias de licença-paternidade e sei que isso fez uma enorme diferença. Foram dias intensos, de pouco sono, muito aprendizado e uma conexão enorme com ele e com minha esposa”, conta. “Estar presente desde o começo me ajudou a entender de verdade o que é ser pai — participar, cuidar, apoiar, dividir. Foi um tempo essencial para criar vínculo e ajudar na adaptação da rotina em casa”, completou.
Wu disse que os 20 dias passaram voando, mas deixaram uma marca que ele leve até hoje. “Acho que todo pai deveria ter essa oportunidade, sem culpa nem pressa de voltar. A presença do pai nos primeiros dias do bebê é importante demais — pra ele, pra mãe e pra família toda.”
Criando vínculos
A chegada do tão esperado filho durou 7 anos para o servidor Guilherme Piza e sua esposa. O pequeno chegou com sete meses de idade e revolucionou a vida do casal. “Ter usufruído 20 dias de licença paternidade foi fundamental no processo de adaptação do meu filho, no meu e no da minha esposa. A chegada dele, ainda bebê, mudou completamente nossas vidas e estar presente nos primeiros dias me permitiu acolhê-lo, criar vínculo, acompanhar seu desenvolvimento inicial e vivenciar, junto da minha esposa, os desafios da paternidade/maternidade, aplicando também conhecimentos adquiridos no curso”.
Para ele, o curso de parentalidade responsável contribuiu de forma muito significativa, esclarecendo suas dúvidas e ajudando com as inseguranças, além de reforçar a importância do pai na formação da criança e com a família, de forma atuante e não como ajudante.