O Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema) solicitou à Prefeitura de Campinas a interrupção da supressão da árvore sibipiruna (Cenostigma pluviosum) de 15 metros de altura e 50 anos, localizada na rua Coronel Quirino, 2008, no bairro Cambuí. O corte estava programado para ocorrer às 8h desta terça-feira (4), mas até às 17h não havia ocorrido. Na manhã desta segunda-feira (3), uma exuberante magnólia-amarela (Magnolia champaca) de 14 metros, que dividia a mesma calçada com a sibipiruna, foi cortada e causou indignação entre ambientalistas, cidadãos e moradores da região.
A solicitação de interrupção do Comdema foi feita para que seja realizada a análise do laudo técnico apresentado pela Secretaria Municipal de Serviços Públicos. O presidente do Comdema, Tiago Fernandes Lira, informou que o órgão está concluindo um documento que solicita a suspensão do corte da árvore até que todas as informações técnicas sejam analisadas. Segundo ele, a Câmara Técnica de Arborização Urbana já elaborou um parecer com diversos apontamentos sobre o caso.
Lira explicou que a medida, de caráter emergencial, será formalizada por meio de uma resolução do Conselho, diante da falta de resposta do governo municipal sobre o pedido para interromper o corte. “Queremos garantir que não há um problema efetivo e, se possível, poupar as árvores”, afirmou.
Após o corte da magnólia-amarela realizado nesta segunda (3) pela empresa empresa 4R Soluções – Corte e Podas de Árvores, com o aval da Prefeitura, especialistas do Comdema afirmaram que os dois exemplares eram saudáveis e não deveriam ser cortados.

A Secretaria de Serviços Públicos informou, em nota, que avaliou, que “por meio de uma equipe técnica, que a árvore deve ser extraída porque está condenada, com cupim, e apresenta risco de queda, conforme laudo. As árvores serão substituídas por espécies saudáveis e adequadas ao local. A responsabilidade pelo manejo de arborização é da Secretaria de Serviços Públicos”.
Recados à sibipiruna
A vigorosa da sibipiruna amanheceu com recados de gratidão colados em seu tronco. “Me desculpe por não poder impedir a barbárie”; “obrigada por absorver a água da enxurrada”; “obrigada pelas flores”; “obrigada por abrigar tantos pássaros”; “sinto muito”.
Às 8h desta terça (4) cerca de 20 moradores da região do Cambuí e das proximidades, entre eles integrantes da ONG Movimento Resgate o Cambuí, se reuniram debaixo da copa da árvore, que já amenizava o calor logo cedo.
“Eu chorei muito ontem, quando cortaram a magnólia-amarela. Ela era linda, enorme e saudável. Ajudava muito a manter o clima mais ameno e fazia uma sombra generosa”, disse Ana Paula de Castro Xavier, que mora em um prédio próximo. “Agora querem cortar esta outra, que faz uma sombra maravilhosa na Coronel Quirino”, afirmou.