A conclusão é de engenheiros integrantes do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema), entre eles o engenheiro florestal e agrônomo José Hamilton de Aguirre Junior, mestre em Arborização Urbana, que realizou tomografia e resistografia da árvore, atestando a qualidade plena da madeira.
De acordo com especialistas do Comdema, tanto a magnólia quanto a sibipiruna que dividia a mesma calçada estavam em bom estado e não deveriam ser suprimidas.
A extração da magnólia, de cerca de 14 metros, foi executada pela empresa 4R Soluções – Corte e Podas de Árvores, após aprovação de laudo técnico da Secretaria Municipal de Serviços Públicos. Segundo Aguirre Jr., o a Secretaria de Serviços Públicos alegou desgaste na base da árvore, com risco iminente de queda.
“Porém, a análise constatou que ela estava em perfeitas condições. O que havia era apenas a casca (parte externa do lenho, já morta e de proteção) em processo superficial de desprendimento e decomposição”, explicou o engenheiro.
“Realizamos o descascamento completo dessa estrutura externa e, em seguida, a tomografia e resistografia, que confirmaram a integridade da madeira”, acrescentou. “Isso significa que o corte foi indevido e não cumpriu as exigências legais.”
A magnólia cortada dividia a calçada com uma sibipiruna (Cenostigma pluviosum) de aproximadamente 15 metros e 50 anos, cujo corte estava programado para esta terça-feira (4), às 8h. Após manifestação de moradores e ambientalistas e a repercussão da reportagem sobre o caso, a empresa não compareceu para realizar o serviço.
Na manhã desta quarta-feira (5), os funcionários retornaram ao local para fazer a extração, mas a mobilização popular acabou atrasando o trabalho, e a equipe decidiu suspender o corte, que, segundo moradores, pode ser retomado em outra data.
Os dados das análises realizadas hoje (5) serão incorporados à resolução que está sendo elaborada pelo Comdema. O presidente do conselho, Tiago Fernandes Lira, informou que a Câmara Técnica de Arborização Urbana já produziu um parecer com diversos apontamentos sobre o caso. “Queremos garantir que não há risco efetivo e, se possível, poupar as árvores”, afirmou.
E agora?
De acordo com Aguirre Junior, o Comdema vai cobrar dos responsáveis a organização para que seja feita a reposição de alguns exemplares arbóreos no local, em plantio comunitário, tendo em vista a disposição positiva da proprietária” (referindo-se a dona do estabelecimento que será aberto em breve no local).
Moradores se mobilizam e corte de árvore de 15 metros é adiado no Cambuí
Moradores e ambientalistas conseguiram impedir o corte da sibipiruna (Cenostigma pluviosum) de 15 metros, localizada na Rua Coronel Quirino, 2008, no Cambuí, em Campinas (SP). A empresa 4R Soluções – Corte e Podas de Árvores, contratada para realizar a supressão, chegou nesta quarta-feira (5), por volta das 9h, posicionou o caminhão sob a copa da árvore e se preparava para iniciar o serviço.
A Polícia Militar e a Guarda Municipal foram acionadas para tentar conter os ânimos. Moradores que defendem a permanência da árvore se posicionaram em frente ao local, impedindo o início da ação. Após longos debates entre os envolvidos, o serviço atrasou, e os funcionários decidiram suspendê-lo, pois, segundo eles, “ficou tarde e está ameaçando chuva”, o que inviabiliza o serviço. Mas o corte da árvore deverá ser retomado outro dia.
No início da tarde desta quarta-feira (5), foi realizada uma tomografia de impulso sônico e resistografia para avaliar o estado interno da árvore, que tem cerca de 50 anos. O exame foi conduzido pelo engenheiro José Hamilton de Aguirre Junior, do Comdema, utilizando uma “metodologia segura e conclusiva, pelo alto grau de confiabilidade”, conforme as normas da ABNT 16246, níveis I, II e III.
No nível III, são empregados equipamentos como o tomógrafo de impulso (que gera imagens semelhantes às tomografias humanas) e o resistógrafo, que detecta perda de resistência e cavidades internas na madeira. Ambos fornecem dados que permitem avaliar a saúde estrutural da árvore, em áreas que o olhar humano não alcança.
Além das análises técnicas, o laudo final também considerará o impacto no fluxo de veículos e pedestres para definir a recomendação conclusiva.
Apesar do pedido do Comdema para suspensão temporária do corte, a Secretaria de Serviços Públicos negou o requerimento. O Conselho solicitou a interrupção para análise detalhada do laudo técnico apresentado pela Prefeitura.
O corte da sibipiruna estava inicialmente agendado para terça-feira (4), mas não ocorreu. Um dia antes, na segunda (3), a magnólia-amarela de 14 metros, que ficava na mesma calçada, foi removida, o que gerou indignação entre ambientalistas e moradores da região.
O presidente do Comdema, Tiago Fernandes Lira, confirmou que o órgão finalizou um documento solicitando oficialmente a suspensão do corte até que todas as informações técnicas sejam analisadas. “Queremos transparência e rigor técnico antes de qualquer supressão”, reforçou.
Podar é cuidar
A advogada aposentada Maria Rita G.C. Amorim, moradora da região do Campo Iro (São Paulo), expressou sua preocupação com o corte de árvores antigas, defendendo um tratamento mais inteligente e cuidadoso por parte do poder público.
“Vai fazer falta, muito. Não só para as pessoas, mas para o meio ambiente em si, os animais, as aves,” afirmou Maria Rita, destacando a importância ecológica desses exemplares como “lugar de sombra, de fazer ninho”.
A crítica se concentra na opção pela retirada, em vez do tratamento e da manutenção. “As árvores antigas, elas têm que ser cuidadas e não retirada, estirpada do meio ambiente”, disse.
Maria Rita G.C. Amorim defende que uma poda correta evitaria problemas como a queda em épocas de chuvas. Ela mencionou que o custo do corte poderia ser revertido em tratamento: “Se a prefeitura, em vez de gastar cortando, gastasse arrumando, pra curar a árvore, pra curar, lógico”.
A advogada ainda citou o apoio de profissionais da área, reforçando sua visão. “Eu tenho amigos que são engenheiros agrônomos, moram também no Campo Iro, e o assunto vem a poda, e eles colocam também a opinião dele de como foi criminosa essa poda”, concluiu.
